terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Podem me chamar de Noite

Podem me chamar de Noite

No dia a dia da vida cotidiana, prefiro as contradições de uma realidade turbulenta do que as luzes mais claras do amanhecer de um sol de verão, porque a dialética move as pessoas, as contrariedades movimentam a sociedade e as adversidades mobilizam os homens e as mulheres em busca de melhores soluções para seus problemas, boas respostas para suas tantas perguntas, resoluções mais razoáveis para suas imensas interrogações e grande número de questões. Prefiro a Noite. Gosto das trevas de uma madrugada sombria onde consigo ordenar o caos da minha consciência, disciplinar meus hábitos, costumes e atitudes e organizar minhas idéias e conhecimentos quase que perdidos dentro de mim. Adoro as trevas que me trazem a luz do dia, as estrelas da noite e o farol mais brilhante do interior dos mares condutor de barcos e navios e seus passageiros em meio a oceanos violentos de ondas agressivas e marés altas e baixas. Aprecio a escuridão. Porque nela sei que a luz vai surgir a qualquer momento e uma lâmpada se acenderá para dirigir meus passos e guiar minhas ações. Na Noite, encontro o sol da minha vida apesar da obscuridade da madrugada e das trevas de um anoitecer sem lua nem estrelas. Na Noite, acordo para viver o dia que amanhece com mais força e intensidade, com mais luz e energia. Dentro da Noite, encontro a Deus, a Luz da minha vida. Por isso gosto do Anoitecer. Pois sei que Alguém vai iluminar meus problemas, responder minhas dificuldades e resolver meus conflitos internos e externos. Com a Noite, cresço e evoluo mentalmente, meu corpo fica mais saudável e minha alma tem vontade de viver com mais tesão e vontade de progredir na vida de todos os dias, noites e madrugadas, dentro de cada hora, minuto e segundo. Na Noite, sou mais eu. Gosto de viver antecipadamente o dia que vem surgindo. Então planejo a vida, programo meu dia e passo a viver com mais luz, força e alegria. Fico mais otimista. Mantenho o equilíbrio e o bom-senso. Sou mais jovem espiritualmente. Então, Deus acontece na minha vida. Fico mais humano e divino. Ora, quando as trevas tomam conta de mim, e no convívio com os problemas diários e noturnos encontro a felicidade que busco e a paz que eu procuro, então me vem a tranquilidade de uma vida que não foge de seus conflitos internos e externos, mas que encontra a calma interna em meio a essas dificuldades e contradições do cotidiano, tem repouso espiritual diante das aberrações da mente e dos desvios de conduta, recebe descanso psicológico, familiar e social quando perante as turbulências da realidade e a violência urbana e rural acha tempo e espaço para ser feliz, fruto de uma liberdade equilibrada e sensata, otimista com a vida e alegre com as pessoas, sempre sorrindo para aliviar as tristezas e amarguras da sociedade, e caminhar aspirando por saúde física e mental e bem-estar material e espiritual. Na Noite, em meio à obscuridade da madrugada, no silêncio das trevas e no vazio de quem dorme sem cessar, penetro minha interioridade e me deparo com Deus, razão da minha Noite, Luz das minhas trevas e lâmpada sempre acesa a dirigir meus comportamentos, a guiar minhas atitudes e levar adiante minha ações de bem com a vida e em paz com a minha consciência. De fato, é na guerra que encontro a paz, nos conflitos acho a tranquilidade e nas contradições e angústias consigo reencontrar a calma da alma e o repouso do espírito. Sim, o segredo não é fugir dos problemas, todavia saber conviver com eles, e neles encontrar a paz procurada. Então, identifico na Noite das minhas dificuldades e nas trevas das minhas contradições e conflitos, o sentido da minha vida e a razão da minha existência. Na Noite, encontro a luz, e o sol se antecipa para nascer de madrugada, dentro da escuridão que aponta para as estrelas do céu, nossos guias pela estrada da vida. Sou a Noite. Na Noite, achei Deus.

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